terça-feira, 29 de junho de 2010

O visível à nossa volta parece repousar em si mesmo.

É como se a visão se formasse em seu âmago ou como se

houvesse entre ele e nós uma familiaridade tão

estreita como a do mar e da praia.

No entanto, não é possível que nos fundemos nele nem que

ele penetre em nós, pois então a visão sumiria no momento

de formar-se, com o desaparecimento ou do vidente ou do

visível. Não há, portanto, coisas idênticas a si mesmas, que,

em seguida, se oferecessem a quem vê, não há um vidente,

primeiramente vazio, que em seguida se abre para elas,

mas sim algo de que não poderíamos aproximar-nos mais a

não ser apalpando-o com o olhar, coisas que não poderíamos

sonhar ver "inteiramente nuas", porquanto o olhar as envolve

e as veste com sua carne.

MERLEAU-PONTY






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