segunda-feira, 26 de julho de 2010

Brandas maldades que a liberdade faz,
se estou por vezes longe do teu peito,
diz com beleza e anos, e onde estás
a tentação te segue nesse efeito.

És gentil e te assalta quem puder,
e belo és e ganham-te em disputa;
se a mulher quer, que filho de mulher
cruel a deixa, sem vencer a luta?

Ah, mas bem podias respeitar-me a casa
e censurar-te a juventude errante,
tumulto que te leva onde se arrasa

dupla fidelidade num instante:
dela, porque a beleza em ti a atrai,
tua, porque a beleza em ti me trai.



WILLIAM SHAKESPEARE

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