sexta-feira, 16 de julho de 2010

E do meio do mundo prostituto
Só amores guardei ao meu charuto!
E que viva o fumar que preludia
As visões da cabeça perfumada!
E que viva o charuto regalia!
Viva a trêmula nuvem azulada,
Onde s’embala a virgem vaporosa!
Viva a fumaça lânguida e cheirosa!
Cante o bardo febril e macilento
Hinos de sangue ao proviléu corrupto,
Embriague-se na dor do pensamento,
Cubra a fonte do pó e traje de luto:
Que eu minha harpa votei ao esquecimento
Só peço inspirações ao meu charuto!



Álvares de Azevedo

Nenhum comentário:

Postar um comentário