domingo, 27 de outubro de 2013

Marc Chagall

Se as pessoas deixam de acreditar em deus elas
não passam
a acreditar em nada, mas em qualquer coisa.



G.K. CHESTERTON


Se considero com atenção a vida que os homens vivem,
nada encontro nela que a diferencie da vida que vivem
os animais. Uns e outros são lançados inconscientemente
através das coisas e do mundo; uns e outros se entretêm
com intervalos; uns e outros percorrem diariamente o mesmo
percurso orgânico, uns e outros não pensam para além do
que pensam, nem vivem para além do que vivem.
O gato espoja-se ao sol e dorme ali. O homem espoja-se
à vida, com todas as suas complexidades, e dorme ali.
Nem um nem outro se liberta da lei fatal de ser como é.




BERNARDO SOARES ( Fernando Pessoa)

Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer

Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança.



ANTONIO GEDEÃO

quinta-feira, 17 de outubro de 2013



" O passado era a Idade de Ouro da ignorância, e o presente é a Idade de Ferro da cegueira intencional."
 
Jared Diamond
 


"Com o passar do tempo, há dois sentimentos que desaparecem: a vaidade e a inveja.
A inveja é um sentimento horrível. Ninguém sofre tanto como um invejoso.
E a vaidade faz-me pensar no milionário Howard Hughes.
Quando ele morreu, os jornalistas perguntaram ao advogado:
«Quanto é que ele deixou?»
O advogado respondeu:
«Deixou tudo.»
Ninguém é mais pobre do que os mortos. "
 
 
 


António Lobo Antunes -  "Diário de Notícias (2004)
 
Auguste Renoir
O que eu adoro em ti
Não é a tua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza

O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Não é o teu espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha

Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz
O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.

O que adoro em ti lastima-me e consola-me:
O que eu adoro em ti é a vida.

Manuel Bandeira