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Amemos o irregular, o inesperado, o inseguro, o ondulante, o flexível, o pretensamente frívolo. Permaneçamos curiosos, e até vivamos por curiosidade. Avancemos algumas vezes a ignorância e desconfiemos dos pregadores da verdade.A Verdade maiúscula é o paradigma das nossas ilusões. Só podemos pretender algumas pequenas verdades de passagem, rapidamente declaradas, sempre discutidas,frequentemente esquecidas. Devemos preservar nossa fragilidade como devemos salvar o inútil. A fragilidade nos aproxima uns dos outros e o inútil nos permite a evasão, é a nossa saída de emergência. Jean Claude Carrière
Saudades! Sim... talvez... e porque não?...Se o nosso sonho foi tão alto e forteQue bem pensara vê-lo até à morteDeslumbrar-me de luz o coração!Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!Que tudo isso, Amor, nos não importe.Se ele deixou beleza que conforteDeve-nos ser sagrado como pão!Quantas vezes, Amor, já te esqueci,Para mais doidamente me lembrar,Mais doidamente me lembrar de ti!E quem dera que fosse sempre assim:Quanto menos quisesse recordarMais a saudade andasse presa a mim! Florbela Espanca
Quando abro a cada manhã a janela do meu quartoÉ como se abrisse o mesmo livroNuma página nova... Mário Quintana
O "eu" manifesta-se pouco fora das circunstâncias. Eu sou, eu existo nesta contingência misturada que muda, muda pela tempestade do outro, por sua possibilidade de existir. Nós nos colocamods um e outro, em afastamento do estável, no arriscado. No auge saturado da mistura, o êxtase da existência é uma soma tornada possível pela contingência do outro. Minha contingência torna possível a mesma descoberta para ele. Essa experiência de corpos misturados, dessas multiplicidades atenuadas compõem a vida. MICHEL SERRES