quinta-feira, 26 de julho de 2012

Os jardins imaginários que de longe vislumbramos
pertencem

aos distraídos insensíveis entes

com que os povoamos


Sempre ficamos

do lado de cá de suas grades

desejosos-receosos de as passarmos


Sentimos o perfume

das rosas que inventamos

vemos o esplendor

dos frutos que sonhamos


Contemplamos

na inventada montra dos prazeres

as sublimes doçuras que sonhamos

sentindo sempre

que não

que não somos dignos

de fruir tais gozos


Nos proibidos jardins

que inventamos

nós

sombras-fantasmas

dum desejo que nos impele em vão

nós

jamais perturbamos

a serenidade

de seu eterno impassível Verão.


Ana Hatherly





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