"Não há nenhum ser humano que seja bastante forte e inteligente para desviar com palavras ou com ações o destino fatal que advém, segundo leis irrevogáveis, da sua natureza, do seu caráter."
Sándor Márai - As Velas Ardem Até Ao Fim
O pássaro fugiu, ficaram-me as penas da sua asa, nas mãos encantadas. Mas, que é a vida, afinal? Um voo, apenas. Uma lembrança e outros pequenos nadas. Passou o vento mau, entre açucenas, deixou-me só corolas arrancadas... Despedem-se de mim glórias terrenas. Fica-me aos pés a poeira das estradas.
A água correu veloz, fica-me a espuma. Só o tempo não me deixa coisa alguma até que da própria alma me despoje!
Desfolhados os últimos segredos, quero agarrar a vida, que me foge, vão-se-me as horas pelos vãos dos dedos.
CASSIANO RICARDO
" A conversação da carta não enviada é sua característica impressionante. Nem a escrita nem o envio são notáveis (com frequência fazemos rascunhos de cartas e as jogamos fora), mas sim o gesto de guardar mensagens quando não temos nenhuma intenção de enviá-la. Ao guardar a carta, nós a estamos enviando de algum modo, afinal. Não estamos abandonando nossa ideia ou rejeitando-a como tola ou desprezível (como fazemos ao rasgar uma carta); ao contrário, estamos lhe dando um voto de confiança extra. estamos, na verdade, dizendo que nossa ideia é preciosa demais para ser confiada ao olhar do destinatário real, que pode não compreender seu valor, de modo que a "enviamos" a seu equivalente na fantasia, em quem podemos confiar completamente para uma leitura compreensiva e apreciativa."
Lacan
segunda-feira, 16 de maio de 2016
"Não se pode descobrir novas terras sem aceitar perder de vista a costa por um longo tempo."
ANDRÉ GIDE
"Está em nossas mãos formar nosso temperamentocomo um jardim. Plantar vivências, arrancar outras:fundar uma bela e tranquila alameda de amizade,ter consciência de olhares discretos para a glória,manter prontos acessos para todos esses bons cantosdo próprio jardim, e que ele não nos falte quandodele precisarmos!" NIETZSCHE
Quero escrever sem pensar. Que um verso consolador Venha vindo impressentido Como o princípio do amor.
Quero escrever sem saber, sem saber o que dizer, Quero escrever uma coisa Que não se possa entender,
Mas que tenha um ar de graça, De pureza, de inocência, De doçura na desgraça, De descanso na inconsciência.
Sinto que a arte já me cansa E só me resta a esperança De me esquecer do que sou E tornar a ser criança.
Por que é bela a arte? Porque é inútil. Por que é feia a vida? Porque é toda fins e propósitos e intenções. Todos os seus caminhos são para ir de um ponto para outro. Quem nos dera o caminho feito de um lugar donde ninguém parte para um lugar onde ninguém vai.
Fernando Pessoa