A mente que se habituou à liberdade e à imparcialidade da contemplação filosófica
conservará alguma desta liberdade e imparcialidade no mundo da ação e da emoção.
Encarará os seus propósitos e os seus desejos como partes do todo e com a falta
de persistência que resulta de os ver como fragmentos minúsculos num mundo no
qual nada mais é afetado por qualquer ação humana. A imparcialidade que na
contemplação é o desejo puro da verdade, é a mesma qualidade da mente que na
ação é a justiça e na emoção é o amor universal que pode ser dado a tudo e não
apenas aos que consideramos úteis ou dignos de admiração. Por conseguinte, a
contemplação alarga não apenas os objetos dos nossos pensamentos, mas também
os objetos das nossas ações e das nossas afecções; faz-nos cidadãos do universo e
não apenas de uma cidade murada em guerra com tudo o resto.
A verdadeira liberdade humana e a sua libertação da sujeição a esperanças e
temores mesquinhos consiste nesta cidadania do universo.
BERTRAND RUSSELL
Nenhum comentário:
Postar um comentário