segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

METAFÍSICA



Não tenta nada de que se tivesse já esquecido;
o seu objectivo, agora, é organizar o presente.



Com as mãos, procura avaliar a qualidade da terra:
se as folhas lhe dão a consistência do ser vivo,
ou se a pedra que está por baixo, com os restos
fósseis da origem, rompe a sua unidade, e impede
o caminho às raízes.



Os olhos não sabem, ainda, que a visão profunda
os dispensa. Por dentro, o olhar implica a noite;
e é da fusão das formas no negro último do céu,
para além da superfície das estrelas e das nebulosas
que essa verdade brilha com a sua exacta eternidade.




NUNO JÚDICE

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