Por certo quis beijar tudo o que encontrei de riso nos lábios;
quis beber o que encontrei de sangue nas faces,
de lágrimas nos olhos; e morder a polpa de todos
os frutos que dos galhos se inclinaram para mim.
Em cada albergue uma fome me saudava;
diante de cada fonte uma sede me esperava -
uma sede particular diante de cada uma; e almejara
outras palavras para marcar meus outros desejos
de marcha, onde se abria uma estrada;
de repouso, onde me convidava a sombra;
de nado, à margem das águas profundas;
de amor ou de sono ao pé de cada leito.
Botei intrepidamente a mão em todas as coisas e
acreditei ter direitos sobre cada objeto de meus desejos.
ANDRÉ GIDE - OS FRUTOS DA TERRA
Enquanto o caos segue em frente
Há 8 anos
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