domingo, 15 de abril de 2012

“Da infância à morte, a ilusão envolve-nos. Só vivemos por ela e só

ela desejamos. Ilusões do amor, do ódio, da ambição, da glória,

todas essas várias formas de uma felicidade incessantemente

esperada, mantêm a nossa actividade. Elas iludem-nos sobre os nossos

sentimentos e sobre os sentimentos alheios, velando-nos a dureza do destino.


As ilusões intelectuais são relativamente raras; as ilusões afetivas

são cotidianas. Crescem sempre porque persistimos em querer interpretar

racionalmente sentimentos muitas vezes ainda envoltos nas trevas do

inconsciente. A ilusão afectiva persuade, por vezes, que entes e

coisas nos aprazem, quando, na realidade, nos são indiferentes.

Faz também acreditar na perpetuidade de sentimentos que a evolução

da nossa personalidade condena a desaparecer com a maior brevidade.


Todas essas ilusões fazem viver e aformoseiam a estrada que conduz ao

eterno abismo. Não lamentemos que tão raramente

sejam submetidas à análise.”

Gustave Le Bon - As Opiniões e as Crenças







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