"Quanto mais eu fracasso no luto da imagem, mais fico angustiado;
mas, quanto mais eu consigo, mais me entristeço. Se o exílio do Imaginário
é o caminho necessário para a “cura”, convenhamos que o progresso é triste.
Essa tristeza não é uma melancolia, pois não me acuso de nada e não fico
prostrado. Minha tristeza pertence a essa faixa de melancolia onde a perda
do ser amado fica abstrata. Falta redobrada: não posso nem mesmo investir
minha infelicidade, como no tempo em que eu sofria por estar apaixonado.
Nesse tempo, eu desejava, eu sonhava, eu lutava; diante de mim havia um
bem, apenas retardado, atravessado por contratempos. Agora, não há mais
repercussão; tudo está calmo e é pior. Embora justificado por uma economia
- a imagem morre para que eu viva – o luto amoroso tem sempre um resto:
uma palavra volta sem parar: Que pena!”
ROLAND BARTHES
Enquanto o caos segue em frente
Há 8 anos
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