terça-feira, 3 de junho de 2014

"Quanto mais eu fracasso no luto da imagem, mais fico angustiado; 
mas, quanto mais eu consigo, mais me entristeço. Se o exílio do Imaginário 
é o caminho necessário para a “cura”, convenhamos que o progresso é triste. 
Essa tristeza não é uma melancolia, pois não me acuso de nada e não fico 
prostrado. Minha tristeza pertence a essa faixa de melancolia onde a perda 
do ser amado fica abstrata. Falta redobrada: não posso nem mesmo investir 
minha infelicidade, como no tempo em que eu sofria por estar apaixonado.
Nesse tempo, eu desejava, eu sonhava, eu lutava; diante de mim havia um
bem, apenas retardado, atravessado por contratempos. Agora, não há mais
repercussão; tudo está calmo e é pior. Embora justificado por uma economia 
- a imagem morre para que eu viva – o luto amoroso tem sempre um resto: 
uma palavra volta sem parar: Que pena!” 

ROLAND BARTHES

Nenhum comentário:

Postar um comentário