sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A compreensão humana não é um exame desinteressado, mas recebe

infusões da vontade e dos afetos; disso se originam ciências que

podem ser chamadas ciências conforme a nossa vontade.

Pois um homem acredita mais facilmente no que gostaria que

fosse verdade. Assim, ele rejeita coisas difíceis pela impaciência

de pesquisar; coisas sensatas, porque diminuem a esperança;

as coisas mais profundas da natureza, por superstição;

a luz da experiência, por arrogância e orgulho; coisas que não

são comumente aceitas, por deferência à opinião do vulgo.

Em suma, inúmeras são as maneiras, e às vezes imperceptíveis,

pelas quais os afetos colorem e contaminam o entendimento.


FRANCIS BACON

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