Todo amor é amor a alguma coisa, que se deseja e que
nos falta. O amor não é completude, mas incompletude.
Não fusão, mas busca. O amor é desejo, e desejo é falta.
Mas só há desejo se a falta é percebida. E só há amor se
o desejo se polariza sobre determinado objeto. Comer
porque se tem fome é uma coisa, gostar do que se come,
ou comer do que se gosta, é outra coisa. Desejar uma
mulher, qualquer uma, é uma coisa. Desejar " esta mulher",
é outra. Estaríamos apaixonados, no entanto, se desejássemos,
de uma maneira ou de outra, aquele ou aquela que amamos?
Sem dúvida não. Se nem todo desejo é amor, todo amor é
desejo.
ANDRÉ COMTE SPONVILLE
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