quinta-feira, 24 de setembro de 2009

SONETO DE AGOSTO


Tu me levaste, eu fui... Na treva, ousados

Amamos, vagamente surpeendidos

Pelo ardor com que estávamos unidos

Nós que andávamos sempre separados.

Espantei-me, confesso-te, dos brados

Com que enchi teus patéticos ouvidos

E achei rude o calor dos teus gemidos

Eu que sempre os julgara desolados.

Só assim arrancara a linha inútil

Da tua eterna túnica insonsútil...

E para glória do teu ser mais fraco

Quisera que te vissem, como eu via

Depois, à luz da lâmpada macia

O púbis negro sobre o corpo branco.




VINÍCIUS DE MORAES

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