domingo, 3 de janeiro de 2010

(...) Às vezes o sonho vem, baixa das nuvens em fogo
e pousa aos teus pés um candelabro cintilante.
Mas a paixão dura quanto tempo? Não importa.
O verdadeiro amor é suicida. O fundamental é saber
que ele acaba. O amor, para atingir a entrega total,
deve estar condenado - é a consciência da
precariedade do amor que possibilita mergulhar
de corpo e alma, vivê-lo enquanto morre e morrê-lo
enquanto vive. E é necessário que acabe como começou,
de golpe, entre soluços. E enxugados os olhos, aberta
a janela lá estão as mesmas nuvens rolando lentas
e sem barulho pelo céu deserto de anjos...
FERREIRA GULLAR

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