quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Uma poesia ártica,
claro, é isto que eu desejo.
Uma prática pálida,
três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja mais possível.
Frase, não, Nenhuma.
Uma lira nula,
reduzida ao puro mínimo,
um piscar do espírito,
a única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens ede equívocos,
(ou enxame de monólogos)
Sim, inverno, estamos vivos.

PAULO LEMINSKI

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