é hoje muito maior do que antigamente. Porque as profissões
de outrora, pelo menos para boa parte das pessoas, seriam
inconcebíveis sem um apego passional: os camponeses apegados
a sua terra; os sapateiros, que conheciam de cor os pés de todos
os moradores do povoado; os guardas-florestais; os jardineiros;
acho que até mesmo os soldados matavam com paixão.
O sentido da vida não era um problema, estava com eles, de
modo inteiramente natural, em suas oficinas, em suas terras.
Cada profissão criava sua própria mentalidade, sua própria
maneira de ser. Um médico pensava de forma diferente de um
camponês, um militar tinha um comportamento diferente de
um professor.
Hoje somos todos parecidos, todos unidos pela indiferença
comum em relação ao nosso trabalho. Essa indiferença se
tornou paixão. A única grande paixão coletiva do nosso
tempo.
A IDENTIDADE - MILAN KUNDERA
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