Um poema deve ser palpável, silencioso,
como um fruto redondo.
Mudo
como os velhos medalhões ao toque dos dedos.
Silente
como o gasto peitoril de uma janela em que cresceu o musgo.
Um poema deve ser calado
como o vôo dos pássaros.
Como a lua que sobe,
um poema deve ser imóvel
no tempo,
deixando, memória por memória, o pensamento,
como a lua detrás das folhas de inverno;
deixando-o como, ramo a ramo, a lua solta
as árvores emaranhadas na noite.
Um poema deve ser imóvel
no tempo
como a lua que sobe.
Um poema deve ser igual a:
não a verdade.
Para toda a história da dor,
uma porta franqueada e uma folha de ácer.
Para o amor,
as gramíneas inclinadas e duas luzes sobre o mar.
Um poema deve ser,
e não significar.
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