sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O espírito humano reluta em aceitar-se como obra do

acaso. Uma parte de cada vida, e mesmo das vidas pouco

dignas de atenção, passa-se à procura das razões de ser,

dos pontos de partida, das origens.

Quando todos os cálculos complicados se evidenciam falsos,

quando os próprios filósofos não têm nada mais a nos dizer,

é desculpável que nos voltemos para o gorjeio fortuito

dos pássaros, ou para o longínquo contrapeso dos astros.

A verdade é que muitos caminhos não conduzem a parte

alguma e muitas somas não se adicionam jamais.


MARGUERITE YOURCENAR - MEMÓRIAS DE ADRIANO

Nenhum comentário:

Postar um comentário