segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Desde sempre a espera o habitou como certeza.

Espera e liberdade juntas e planas no nascer. E depois de nascer,

ter de esperar para nascer de novo, pleno. Quantos foram os

meses em que ficou ali, apenas sentindo o mundo, numa espécie

de bolha? A realidade e o real não poderiam - jamais - ser o mesmo,

o de todos. Sem linguagem, sem contatos, movia-se e chorava.

De um nada ao outro. E o que fazer com aquilo que ia se acumulando

dentro? Porque as coisas se acumulavam, a fome atrás de fome,

um choro atrás de choro, uma sombra cega passando atrás de uma

outra sombra cega, e os afetos - Quais? E o que ultrapassava para

o campo do real-real, de seu corpo franzino e desajeitado, daquela

alma que se fazia como a própria natureza bruta? E a realidade e o

real de hoje - jamais - seriam fundado com a mesma sensibilidade

do senso comum. E aqueles meses na incubadora, prematuro,

vivendo mas não vivendo, sendo de outro jeito, foram fundamentais

para a constituição de seu ser.




(texturaincidental.blogspot.com)

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