segunda-feira, 31 de agosto de 2009


Nem toda loucura é genial, nem toda lucidez é velha.


CHICO BUARQUE

Vai ser assim a morte: uma pedra que nos toca

e pronto. Simples desequilíbrio no organismo da

vida. E já nos vemos do outro lado. Somos despertos

e após, de luz em luz, estaremos sonhando?

Sim, nos apegamos cada vez mais às pequenas

coisas: a rosa, o orvalho. Porque sentimos a terra

e ela nos sente. E ao vincular-nos às pequenas

coisas, descobrimos quanto são fiéis e

prodigiosas. E nos tornam aptos para, depois

da morte, estarmos com as coisas

estupendamente grandes...



Carlos Nejar

Sonho do Poeta


Quem dera fosse meu o poema de amor definitivo

Se amar fosse o bastante poder eu poderia pudera,

às vezes, parece ser esse meu único destino

Mas vem o vento e leva as palavras que digo minha

canção de amigo.

Um sonho de poeta não vale o instante vivo.

Pode que muita gente veja no que escrevo tudo

que sente e vibre, e chore e ria como eu, antigamente,

quando não sabia que não há um verso, amor,

que te contente.



Alice Ruiz

O infinitamente pequeno é o centro geométrico do nosso assombro.

Ele derruba todas as nossas previsões.


BACHELARD

e eu me arrastava na mesma direção como tenho feito toda

a minha vida, sempre rastejando atrás de pessoas que me

interessam, porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos,

os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para

serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles

que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam,

queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício, explodindo

como constelações em cujo centro fervilhante — pop —

pode-se ver um brilho azul e intenso.


(Jack Kerouac em “On the Road”)

domingo, 30 de agosto de 2009

Que teimosia

Nada nos une, tudo nos separa

Só quando a vida para

E o tempo se distrai

Do momento que vai

Do grito ouvido ao vidro estilhaçado

É que eu paro ao teu lado e nós

Trocamosvidas perdidas por horas roubadas.


Paulo Vanzolini