quarta-feira, 3 de dezembro de 2014


"Homem: um animal tão perdido na contemplação voluptuosa
daquilo que pensa que é que se esquece de refletir sobre
aquilo que deveria ser. A sua atividade principal é o extermínio
dos outros animais e da sua própria espécie, que, no entanto,
se multiplica com tal rapidez que já infesta todo o mundo habitável."
 
 
Ambroise Bierce
 

"Como diz Whitehead, a natureza é uma coisa triste, sem cores,
sons nem fragâncias: todos seus atributos são puramente humanos.

Radical e inevitavelmente (mas, por que evitá-lo?), nossa visão do
mundo é subjetiva, e cada um de nós cria cores e músicas,
grosseiras ou delicadas, complexas ou simples,
conforme nossa sensibilidade, nossa imaginação e nosso talento." 


 
 
  Ernesto Sabato  -  O escritor e seus Fantasmas
 


Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face

Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio

Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente



Sophia de Mello Breyner Andresen