quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014


"O satírico espera dos seres humanos que eles sejam diferentes do que são.
Ele os açoita como se fossem colegiais. Sabe até como seriam,
se fossem melhores.
De onde tira essa certeza inabalável?"
 
 
Elias Canetti
 


Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece…
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!



 Mário Quintana
 

"Estou preso nesta contradição: de um lado, creio conhecer o outro melhor
do que ninguém e afirmo isso triunfalmente a ele (“Eu te conheço. Só eu te conheço bem!”) ;
e por outro lado sou frequentemente assaltado por essa evidência:
o outro é impenetrável, raro, intratável; não posso abri-lo, chegar até sua origem,
desfazer o enigma. De onde ele vem? Quem é ele?
Por mais que eu me esforce não o saberei nunca.
Isso porque não se sabe nada sobre o seu desejo:
conhecer alguém, não é apenas isso: conhecer seu desejo?
Se desgastar, se esforçar por um objeto impenetrável é pura religião.
Experimento então essa exaltação de amar profundamente um desconhecido."


Roland Barthes -  Fragmentos de um Discurso Amoroso