quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014


"Estou preso nesta contradição: de um lado, creio conhecer o outro melhor
do que ninguém e afirmo isso triunfalmente a ele (“Eu te conheço. Só eu te conheço bem!”) ;
e por outro lado sou frequentemente assaltado por essa evidência:
o outro é impenetrável, raro, intratável; não posso abri-lo, chegar até sua origem,
desfazer o enigma. De onde ele vem? Quem é ele?
Por mais que eu me esforce não o saberei nunca.
Isso porque não se sabe nada sobre o seu desejo:
conhecer alguém, não é apenas isso: conhecer seu desejo?
Se desgastar, se esforçar por um objeto impenetrável é pura religião.
Experimento então essa exaltação de amar profundamente um desconhecido."


Roland Barthes -  Fragmentos de um Discurso Amoroso

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013



Habituei-me à simples alucinação. Acabei por
considerar sagrada a desordem de minha
inteligência.



RIMBAUD

Não somos nem bons enm maus
Somos tristes.
Plantados entre chão e estrelas,
Lutamos com sangue,
Pedras e paus, sonho e arte.
Nem vida, nem morte:
Somos a lúcida vertigem,
Glória e danação.
Somos gente:
Dura tarefa.
Com sorte, aqui e ali a ternura
Faz parte.



LYA LUFT