terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

ADOLESCÊNCIA


Na sacada,
um instante
ficamos
os dois sós.

Desde a doce manhã
daquele dia, éramos noivos.

A paisagem sonolenta
dormia seus incertos tons,
sob o céu cinza e rosa
do crepúsculo de outono.

Disse-lhe que ia beijá-la;
baixou, serena, os olhos
e me ofereceu suas bochechas,
como quem perde um tesouro.

Caíam as folhas mortas,
no jardim silencioso,
e no ar errava ainda
um perfume de heliotrópios.

Não se atrevia a olhar-me;
disse-lhe que éramos noivos,
...e as lágrimas rodaram
de seus olhos melancólicos.

Juan Ramón Jimenez - Primeras Poesías

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