quarta-feira, 17 de julho de 2013

"O amor cortês caracteriza-se pela sublimação do impulso sexual, pelo culto "desinteressado"
do amor, acompanhado da superestima e da celebração lírica da mulher amada;
submissão e obediência do amante à amada.
 
Desde o fundo das eras, os guerreiros ganharam o amor das mulheres realizando
proezas e façanhas  em sua honra; o amor é merecido pelas virtudes viris, a temeridade
e o devotamento heroico. Essa concepção cavalheiresca do amor prossegiu durante séculos,
mas a partir de 1100 não cessou de sofrer a influência civilizadora do amor cortês.
 
Foi assim que a um heroísmo guerreiro sucedeu um heroísmo lírico e sentimental;
no novo código amoroso, o senhor, por "jogo" vive ajoelhado  diante  da mulher amada e
cerca-a de atenções, mostra-se submisso a seus caprichos, é obrigado a celebrar
a sua beleza e sua virtude em poemas lisonjeiros.
 
Começa a fase da "poetização do cortejar", excluindo a linguagem vulgar, libertinagens
e obscenidades em favor da discrição, da humildade respeitosa do amante,
do enobrecimento da linguagem e da exaltação galante. Daí pra frente, a sedução
requer atenção e delicadeza em relação à mulher,
a poética do verbo e do comportamento."
 
 
Gilles Lipovetsky - O Império do Efêmero

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