sábado, 20 de setembro de 2014

"A característica do homem absurdo é não acreditar no sentido profundo das coisas.
Ele percorre, armazena e queima os rostos calorosos ou maravilhados.
O tempo caminha com ele. O homem absurdo é aquele que não se separa do tempo.
Mas só há um mundo. A felicidade e o absurdo são dois filhos da mesma terra.
São inseparáveis. O erro seria dizer que a felicidade nasce forçosamente da
descoberta absurda. Acontece também que o sentimento do absurdo nasça da felicidade.
“Acho que tudo está bem”, diz Édipo e essa frase é sagrada. Ressoa no universo altivo
e limitado do homem. Ensina que nem tudo está perdido, que nem tudo foi esgotado.
Expulsa deste mundo um deus que nele entrara com a insatisfação e o gosto
das dores Inúteis. Faz do destino uma questão do homem, que deve ser tratado
entre homens. Toda a alegria silenciosa de Sísifo aqui reside.
O seu destino pertence-lhe."
 
 
Albert Camus (1913-1960)

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