segunda-feira, 26 de setembro de 2011

" Pensa-se geralmente no Terror em termos políticos e abstratos, ou então à maneira idealizada dos pintores que representam mártires e santos, mas não se pensa em termos de carne viva. Fala-se nobremente de coragem e fé mas ignora-se o desespero da carne. Adora-se um herói abstrato que desafia a tortura e a morte e não se tem ideia nenhuma da condição do homem , da tragédia íntima do esforço para conservar o controle de seus músculos, de seus nervos e de suas entranhas. Porém, os que fizeram do Terror uma ciência, conheciam tudo isso. Conheciam os detalhes dos tormentos e contavam com o seu efeito, com a humilhação moral de homens reduzidos a um estado de infância impotente que mina o orgulho e a vontade de resistir.
Porque a carne é astuta; quer sobreviver, com uma vontade que lhe é própria, e numa crise, não pode sobreviver senão voltando-se contra o espírito, zombando dele e ridicularizando-o, para provar que sua resistência é vã. Os torturadores sabem que seu verdadeiro aliado não está no espírito, mas na carne das vítimas."


ARTHUR KOESTLER

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