sábado, 10 de setembro de 2011

Pensamentos, como cabelos, também acordam despenteados.
Naquela faixa-zumbi que vai em slow motion, desde sair da cama,
abrir as janelas, avaliar o tempo e calçar os chinelos até
o primeiro jato da torneira – feito fios fora de lugar
emaranhando-se, encrespam-se, tomam direções inesperadas.
Com água, mão, pente, você disciplina cabelos.
E pensamentos? Que nem são exatamente pensamentos,
mas memórias, farrapos de sonho, um rosto, premonições,
fantasias, um nome. E às vezes também não há água, mão,
pente, gel ou xampu capazes de domá-los.


CAIO FERNANDO DE ABREU

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