sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A abelha que, voando, freme sobre

A colorida flor, e pousa, quase

Sem diferença dela

À vista que não olha,

Não mudou desde Cecrops.

Só quem vive

Uma vida com ser que se conhece

Envelhece, distinto

Da espécie de que vive.

Ela é a mesma que outra que não ela.

Só nós — ó tempo, ó alma, ó vida, ó morte! —

Mortalmente compramos

Ter mais vida que a vida.



RICARDO REIS

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