domingo, 24 de janeiro de 2010

Um poema deve ser palpável, silencioso,
como um fruto redondo.

Mudo
como os velhos medalhões ao toque dos dedos.

Silente
como o gasto peitoril de uma janela em que cresceu o musgo.

Um poema deve ser calado
como o vôo dos pássaros.

Como a lua que sobe,
um poema deve ser imóvel
no tempo,

deixando, memória por memória, o pensamento,
como a lua detrás das folhas de inverno;

deixando-o como, ramo a ramo, a lua solta
as árvores emaranhadas na noite.

Um poema deve ser imóvel
no tempo
como a lua que sobe.

Um poema deve ser igual a:
não a verdade.

Para toda a história da dor,
uma porta franqueada e uma folha de ácer.

Para o amor,
as gramíneas inclinadas e duas luzes sobre o mar.

Um poema deve ser,
e não significar.

ARCHIBALD MACLEISH - Poeta norte-americano

Nenhum comentário:

Postar um comentário