quinta-feira, 5 de maio de 2011

"Sentado ali, bebendo, considerei a opção do suicídio, mas
me senti estranhamente apaixonado pelo meu corpo, pela
minha vida. Apesar das cicatrizes que marcavam meu corpo
e minha existência, ambos eram propriedades minhas.
Eu podia me levantar agora e sorrir com escárnio para
meu reflexo no espelho da cômoda: se você tem que ir,
que leve ao menos uns oito junto, uns dez, uns vinte...
Era uma noite de dezembro, um sábado. Estava no meu
quarto e tinha bebido muito mais que o de costume,
acendendo um cigarro no outro, pensando nas garotas e
na cidade e nos empregos e nos anos que ainda viriam.
Olhando para o devir, eu gostava muito pouco do que via.
Eu não era um misantropo ou um misógino, mas gostava
de estar sozinho. Era bom estar solitário num lugarzinho,
sentado, fumando e bebendo. Sempre tinha sido uma
boa companhia para mim mesmo."

Nenhum comentário:

Postar um comentário