segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Seja para querer provar seu amor, seja para se esforçar
em decifrar se o outro o ama, o sujeito apaixonado não
tem à sua disposição nenhum sistema de signos seguros.
O gesto do abraço amoroso parece realizar por um momento,
para o sujeito, o sonho de união total com o ser amado.
Entretanto, no meio desse abraço infantil, surge infalivelmente
o genital; ele corta a sensualidade difusa do abraço incestuoso;
a lógica do desejo se põe em movimento, retorna o querer-possuir,
o adulto se sobrepõe à criança. Sou então dois sujeitos
ao mesmo tempo: quero a maternidade e a genitalidade
(o enamorado poderia ser definido: uma criança
com tesão retesando seu arco: como o jovem Eros).



ROLAND BARTHES

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