quarta-feira, 4 de abril de 2012

Quando o dia cai, a noite cai também. Estranho, não?
Há aí um contra-senso que nos deveria advertir
quanto à desordem semântica da língua.
Por que a noite não tem o direito de nascer
como o dia?
E, no entanto, ela nasce.
Algumas noites, nós as vemos nascer,
crescer do fundo do horizonte,
invadir o espaço como um astro,
segundo um movimento ascendente vindo
da Terra.
E os objetos, perdendo sua luz aos poucos,
emergem numa forma nova,
em sua essência noturna.
Mas para nós nem a noite
nem o Mal tem essência própria.



JEAN BAUDRILLARD

Nenhum comentário:

Postar um comentário