segunda-feira, 21 de novembro de 2011

(...) que se antes de cada ato nosso nos puséssemos
a prever todas as consequências dele, a pensar nelas a sério,
primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis,
depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos
de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar.
Os bons e os maus resultados dos nossos ditos
e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma
bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias de futuro,
incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos
para poder comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão,
aliás, há quem diga que isso é que
é a imortalidade de que tanto se fala (...)



José Saramago - Ensaio sobre a Cegueira

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