terça-feira, 22 de novembro de 2011

A harmonia do comportamento social requer, todos o sabemos,
tanto o isolamento como o convívio.
Excessiva comunicação, debates exagerados de assuntos
que requerem meditação e peso moral, avesso muitas vezes à
cordialidade natural das afinidades eletivas,
não enriquecem o património de uma sociedade.
Antes embotam e alteram o terreno imparcial da sabedoria.
A solidão favorece a intensidade do pensamento; por outro lado,
torna de certo modo celerado o homem que lida com a força material,
com a técnica, com os outros homens.
O impulso é a força que atualiza estas duas atitudes.
Os ricos de impulso que se prontificam a uma reação agressiva
ou escandalosa, esses são associais especialmente difíceis.
Todo o revolucionário é associal, se o impulso for nele um desvio
da vida instintiva, e não uma atitude de homem capaz de
obedecer e mandar a si próprio.
«A felicidade máxima do filho da terra há-de ser a personalidade»
- disse Goethe. Personalidade criadora, obtida à custa do
ajustamento das nossas próprias leis interiores, que não serão
mais, no futuro, forças repelidas ou encobertas,
mas sim valiosas contribuições para o tempo do homem.
Quando tudo for analisado e conhecido, só o justo há-de prevalecer.



Agustina Bessa-Luís

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