quinta-feira, 26 de julho de 2012

Normalmente, pensa-se que o eu é uma pessoa debruçada para fora
dos seus próprios olhos como se estivesse no parapeito de uma janela
e que observa o mundo que se estende em toda a sua vastidão, ali,
diante de si. Portanto: há uma janela que dá para o mundo.
Do lado de lá está o mundo; e do lado de cá? Sempre o mundo:
que outra coisa queriam que estivesse? E então, fora da janela,
o que é que fica? Ainda e sempre o mundo, que nesta ocasião se
desdobrou em mundo que olha e mundo que é olhado. (…)
Ou então, dado que há mundo do lado de cá e mundo do lado de lá
da janela talvez o eu não seja mais do que a janela através
da qual o mundo olha o mundo.


Ítalo CalvinoPalomar

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