quarta-feira, 10 de março de 2010

É preciso amar o inútil. Criar pombos sem pensar em comê-los,
plantar roseiras sem pensar em colher rosas, escrever sem pensar
em publicar, fazer coisas assim, sem esperar nada em troca.
A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta,
mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas
da vida. A música. Este céu que nem promete chuva. Aquela
estrelinha nascendo ali... está vendo aquela estrelinha? Há milênios
não tem feito nada, não guiou os reis magos, nem os pastores, nem
os marinheiros perdidos... apenas brilha. Ninguém repara nela porque
é uma estrela inútil. Pois é preciso amar o inútil porque no inútil está
a beleza. No inútil também está Deus.



Lygia Fagundes Telles

Nenhum comentário:

Postar um comentário