sábado, 19 de setembro de 2009

Para Bergson há o tempo real: a duração; tempo que é mudança
essencial e contínua; tempo que passa incessantemente modificando
tudo e que constitui a própria essência da realidade psíquica.
Porém, não é assim que percebemos a realidade; presos aos
hábitos da inteligência e visando a nossa ação no mundo,
percebemos a realidade como estática e passível de ser
fragmentadas em partes que facilitam nosso agir no mundo.
Temos, assim, uma concepção espacial da realidade, que olha
o mundo do ponto de vista da extensão. A esta visão espacial
da realidade, escapa o tempo real, que flui incessantemente
em seu contínuo movimento, porque pensa o tempo nos moldes
do espaço e, assim, concebe um tempo ilusório: o tempo
"espacializado", originado da confusão que inadvertidamente se
faz entre tempo e espaço. E a consciência, imbuída de
representações espaciais, olha para si mesma e não se reconhece
como duração pura, enxerga estados que se sucedem sem se
penetrarem, não vê o eu no seu conjunto inter-relacionado,
esquece o passado num lugar escondido sem relação com o
presente, torna as sensações e os sentimentos unidades
estanques sem movimento, concebe a imobilidade como
substrato da realidade.


(Lu)

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