terça-feira, 8 de setembro de 2009

"Por que será que o amor é imensamente mais rico do que qualquer
outra possibilidade humana? Por que se mostra, aos que são tocados
por ele, como um doce fardo? Porque nos transformamos naquilo que
amamos sem deixarmos de ser nós mesmos. Gostaríamos, então, de
agradecer à pessoa amada e não encontramos nada que seja suficiente
para tanto. Só podemos agradecer através de nós mesmos.
O amor transforma o agradecimento em fidelidade para conosco e em
crença incondicional no outro. Dessa forma, o amor intensifica
constantemente o seu segredo mais peculiar.
A proximidade implica aqui a maior distância diante do outro. Essa

distância não deixa nada desaparecer, mas nos lança ao seio da simples
presença de uma revelação transparente, apesar de incompreensível.
O coração nunca está em condições de dominar o despontar repentino
do outro em nossa vida. Um destino humano entrega- se a um destino
humano, e o ofício do amor puro/ casto é manter
desperta essa entrega exatamente como no primeiro dia"


(Trecho de uma carta de Martin Heidegger a Hannah Arendt)

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