quinta-feira, 17 de maio de 2012

«Chamamos ao belo ideia do belo. Este deve ser concebido como ideia e, ao
mesmo tempo, como a ideia sob forma particular; quer dizer, como ideal.
O belo, já o dissemos, é a ideia; não a ideia abstracta, anterior à sua
manifestação, não realizada, mas a ideia concreta ou realizada, inseparável
da forma, como esta o é do principio que nela aparece. Ainda menos
devemos ver na ideia uma pura generalidade ou uma colecção de qualidades
abstraídas dos objectos reais. A ideia é o fundo, a própria essência de toda
a existência, o tipo, unidade real e viva da qual os objectos visíveis não
são mais que a realização exterior. Assim, a verdadeira ideia, a ideia
concreta, é a que resume a totalidade dos elementos desenvolvidos e
manifestados pelo conjunto dos seres. Numa palavra, a ideia é um todo, a
harmoniosa unidade deste conjunto universal que se processa eternamente
na natureza e no mundo moral ou do espírito.

Só deste modo a ideia é verdade, e verdade total.

Tudo quanto existe, portanto, só é verdadeiro na medida em que é a ideia em
estado de existência; pois a ideia é a verdadeira e absoluta realidade.
Nada do que aparece como real aos sentidos e à consciência é verdadeiro por
ser real, mas por corresponder à ideia, realizar a ideia. De outro modo,
o real é uma pura aparência.»


Georg Hegel -  «Do Belo e Suas Formas»



Nenhum comentário:

Postar um comentário