quarta-feira, 30 de maio de 2012

Por felicidade, contudo, o que é o ser?
- Não há senão maneiras de ser, sucessivas.
Há tantas quanto objetos.
Tantas quantos os batimentos de pálpebras.
Tanto quanto, tornando-se nosso regime,
um objeto nos concerne, também o nosso olhar o cerca,
o discerne. Trata-se, graças aos deuses,
de uma «discrição» recíproca; e o artista acerta logo no alvo.
Sim, só o artista, então, sabe como fazer.
Deixa do olhar, atira ao alvo.
O objeto, é certo, acusa o golpe.
A verdade afasta-se em voo, indene.
A metamorfose aconteceu.


Francis Ponge.  --   Alguns Poemas

Nenhum comentário:

Postar um comentário