segunda-feira, 14 de maio de 2012

“Uma das maiores realizações que se espera da vida é a paixão, um encontro amoroso intenso, pleno.
O problema é que não temos segurança dele. Quanto mais me apaixono, maior o risco de me iludir.
A paixão — do grego pathos, que designa a situação em que sou passivo (em oposição à ação)
e minha razão fica inibida — não é boa juíza de caráter ou de relações.
O encontro emocional intenso pode dar errado. Sua base pode ser frágil. Por isso, parece
necessário cada pessoa construir o sentido de sua vida (seu ‘eixo’) sozinha, e balizar
a relação com o outro por essa prévia definição pessoal. (…) A mídia fala muito em paixão
e pouco em amor. O amor sempre aparece como algo menor que a paixão.
O coração não dispara. Parece coisa de velho. Não assitimos a histórias de amor, só de paixão.
Talvez esteja na hora de começarmos a contar histórias de amor, não só de enganos.
Aprendemos a viver escutando narrativas.
É hora de pensar que ‘foram felizes para sempre’ só é possível com o amor,
não com o fulgor passional.”

Renato Janine Ribeiro - “A insuportável liberdade do amor”


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